As pessoas procuram um ambiente menos ameaçador ou, pelo menos, uma forma melhor de suportar o ambiente em que vivem.
O conceito de ambiente perigoso é compreensível para um indivíduo, independentemente da forma grosseira como lhe é exposto. Até o conceito de que ele considera o ambiente perigoso e opressivo, e que não sabe bem de onde vêm esse perigo ou opressão, é um pedaço enorme de sabedoria.
A vida deste indivíduo é fugir de um ambiente muito ameaçador que poderá oprimi-lo a qualquer momento e em que ele é incapaz de progredir, de forma a ter maior resistência e poder para manejar esse ambiente ameaçador.
O nível de saúde, de sanidade, de actividade e de ambição de um indivíduo estão todos dependentes do seu conceito do nível de perigo do seu ambiente.
Existem áreas reais de perigo no ambiente, mas também existem áreas que estão a ser feitas parecer mais perigosas do que realmente são.
Portanto, se uma pessoa for levada a avançar nestes sectores do seu meio-ambiente e levada a inspeccioná-los, ela pode percepcionar por si própria que o ambiente não é tão perigoso como estão a fazer parecer. E, com o aumento da sua confiança na sua capacidade para manejar pelo menos esses sectores do seu meio-ambiente, o seu nível de saúde, de bem-estar, de sanidade e de actividade irão subir também.
Uma série de procedimentos simples podem ajudar a pessoa a aumentar o seu comando sobre o seu ambiente. A pergunta principal de todas estas técnicas é: «Que parte do ambiente não está ameaçadora?» Se se conseguir que a pessoa diferencie e descubra que algumas partes do ambiente não estão ameaçadoras, ela alcançará um ganho considerável.
Qual é a expectativa do indivíduo neste nível? Pode ser assim tão baixo – que ele simplesmente não fique tão assustado quando a campainha da porta tocar. Isto parece ser uma melhoria muito pequena, contudo, seria bastante real para ele.
Ele pode simplesmente querer manejá-lo de modo a que quando acorda de manhã não tenha a sensação agonizante de que algo de horrível vai acontecer se sair da cama – e talvez não espere sequer que essa sensação desapareça completamente, mas espera que diminua.
Estes seriam verdadeiros ganhos para ele e ele ficaria muito feliz com eles. O curioso acerca disto é que os ganhos que ele irá experimentar irão, na maioria dos casos, ultrapassar largamente as suas expectativas.
Aqui estão os procedimentos que pode usar para realizar isto:
1. Encontre algo que não esteja a ser uma ameaça
Quando a pessoa fica demasiado preocupada ou confusa, pode fazer-se com que ela olhe à volta no seu ambiente e descubra algo que não esteja a ser uma ameaça para ela. Continue a fazer isto até que a pessoa esteja muito contente ou aliviada e tenha uma compreensão sobre si mesma, o ambiente ou a vida em geral.
Uma pessoa pode também usar esta técnica directamente em si mesma. Por exemplo, um indivíduo pode estar no seu escritório e muito preocupado acerca de algo. Pode estar sentado à sua secretária com os papéis a amontoarem-se. Tudo parece estar num alvoroço. E ele sente-se completamente esmagado. A própria pessoa deveria ser capaz de olhar para os papéis na sua secretária (a fonte da ameaça) e descobrir algo sobre eles que não seja uma ameaça. Ao fazer tal descoberta, a ameaça ficará na proporção correcta.
2. Não leia o jornal
Isto é muito simples. Diga à pessoa: «Não leia o jornal durante duas semanas e veja se não se sente melhor».
Se ela não ler o jornal durante duas semanas é claro que se sentirá melhor.
Depois diga-lhe: «Agora leia o jornal durante uma semana e no final da semana vai ver que se sente pior. Depois decida se deve ou não dar atenção aos jornais».
Isto poderá ser proposto à pessoa como uma simples experiência. Não é sequer uma experiência cara – na realidade sai mais barato não comprar jornais do que comprá-los.
Esta é uma acção simples, mas muito eficaz e que pode mudar marcadamente a perspectiva da vida da pessoa.
3. Dar um Passeio
Outra forma de fazer com que a pessoa olhe para o seu ambiente e descubra que não é assim tão ameaçador é uma técnica chamada «Dar um Passeio». Se uma pessoa se sente mal, faça com que ela dê uma passeio e olhe para as coisas à medida que vai passeando.
O que se pretende aqui é simplesmente conseguir que o indivíduo inspeccione o ambiente e descubra que nele existe alguma segurança ligeiramente maior. Só se pretende que a pessoa olhe e descubra se o ambiente é tão ameaçador quanto parece ser.
«Dê um passeio e olhe para coisas» é o conselho mais suave que possivelmente poderia dar a alguém e é o que mais certamente produz resultados se a pessoa o fizer. É muito eficaz.
4. Descubra algo que não lhe seja hostil
Há pessoas que sentem como se toda a gente no ambiente lhe fosse hostil.
Para uma pessoa destas, há outra técnica que irá diminuir os seus medos.
Poderia fazer-se qualquer uma das seguintes diferentes perguntas, dependendo da situação. Exemplos destas são:
«Descobre algo que as pessoas aqui à volta dizem ou fazem que não seja hostil para contigo».
«Há uma pessoa na empresa que não seja activamente hostil para contigo?»
«Hoje foi dita alguma coisa que não era directa e imediatamente hostil para contigo?»
Faça à pessoa uma das perguntas acima (ou uma pergunta semelhante com um fraseado mais apropriado à situação da pessoa). Por exemplo, pergunte-lhe: «Há alguém na empresa que não seja activamente hostil para contigo?»
Continue isto até que a pessoa se sinta melhor, esteja mais feliz e se tenha apercebido de algo acerca de si mesma, do ambiente ou da vida em geral.
5. Manejar uma Perda
Um indivíduo que tenha perdido a namorada, ou uma mulher que tenha perdido o marido, sente a horrível tristeza e perda que isso dá a tudo. Na realidade, tudo no ambiente irá «falar-lhe» sobre o amor perdido. Durante algum tempo ser-lhe-á impossível olhar à volta e não se lembrar desta pessoa.
Quando alguém esteve fortemente concentrado num indivíduo, por vezes é, quase heroicamente difícil, não associar tudo a essa pessoa. O truque é encontrar algo que não lhe lembre a pessoa que ela perdeu. É possível que se tenha de procurar bastante para encontrar algo.
Esta é a forma de recuperar de um romance. A situação é na realidade simples: o indivíduo identificou tudo no ambiente com a sua inquietação. Ao dirigir a atenção da pessoa para as coisas no ambiente que não estão dessa forma conectadas e fazer com que encontre coisas no ambiente que não a fazem activamente recordar, consegue-se a diferenciação onde anteriormente existia uma identificação. E quando há diferenciação, a inteligência e o bom senso podem voltar.
Faça o seguinte:
Diga à pessoa que a vai ajudar. Diga-lhe: «Encontra algo que não te faça lembrar de _______ (nome da pessoa que se perdeu)».
Repita o comando, fazendo com que a pessoa encontre algo mais que não a faça lembrar-se da pessoa até que se aperceba de algo e se sinta melhor acerca da situação.
Este procedimento simples pode ajudar a pessoa a recuperar do seu amor perdido e começar a viver outra vez.
6. Ordenar a Sua Vida
Fazer com que um indivíduo planeie uma vida em que se poderia viver calmamente e sem ameaças, a vida que ele está a viver torna-se menos ameaçadora.
Tomemos, por exemplo, o pobre indivíduo que está preso numa rotina árdua e monótona: ele tem de manter o seu trabalho, muito embora não receba o suficiente e não exista oportunidade de progresso, porque se o perder acha que não será capaz de conseguir outro ou não será capaz de sobreviver. Este homem talhou o seu próprio caixão e pensa que o ambiente é muito hostil.
Faça com que ele planeie uma vida que não seria tão ameaçadora, não importa quão imaginativo ou inalcançável pareça o seu plano, e ele será capaz de continuar a trabalhar no seu ofício com muita mais alegria e sentindo-se muito mais calmo.
7. Deixar Coisas Que Perturbam
Há outra acção que consiste simplesmente em fazer com que a pessoa deixe de fazer coisas ou se associe com pessoas que a perturbam.
Poder-se-ia dizer «Deixa algumas dessas coisas na tua vida que te perturbam».
«Quem é que te perturba? Bem não fales com essa pessoa durante algum tempo.»
«Quais são as actividades que te fazem sentir pior? Bem, simplesmente não as faças durante um tempo».
«Que coisas no ambiente é que não são uma ameaça para ti? Muito bem, tens algumas dessas? Bem. Associa-te com elas. Dá-lhes mais atenção».
Isto irá beneficiar a pessoa mais do que se pode imaginar.